Reforma da Previdência pode avançar em governo Liberal

15/10/2018 - 15:30

Reforma da Previdência pode avançar em governo Liberal

Uma reforma da Previdência semelhante à apresentada pelo ilegítimo e golpista Michel Temer (MDB-SP), que praticamente acaba com a aposentadoria dos brasileiros e brasileiras e atende as exigências impostas pelo mercado financeiro, só tem chance de voltar ao debate se o candidato de extrema-direita, Jair Bolsonaro (PSL), for eleito.

Apesar de ter negado apoio à reforma de Temer, o capitão reformado já falou várias vezes que vai mexer na Previdência, como quer o mercado. No início deste mês, interlocutores do Palácio do Planalto chegaram a admitir à imprensa que a aprovação da reforma da Previdência em novembro, como pretendido e anunciado por Temer no final de setembro, estaria condicionada a uma possível vitória de Bolsonaro.

Tanto o presidenciável quanto sua equipe econômica, encabeçada pelo empresário e economista ultraliberal Paulo Guedes - já anunciado como ministro da Fazenda do

pré-candidato do PSL, caso ele vença as eleições do dia 28 de outubro - além de alardear um plano de privatização para a maioria das estatais brasileiras, já deram sinais de que têm acordo com a maioria das propostas da reforma da Previdência proposta pelo ilegítimo Temer. Ambos também já anunciaram que vão adotar o modelo previdenciário de capitalização, o que significa colocar uma parte ou todas as contribuições de cada trabalhador ou trabalhadora no sistema financeiro, em contas individuais.

TRAGÉDIA CHILENA - A capitalização, segundo o programa de governo de Bolsonaro, resolveria os problemas de financiamento do sistema previdenciário. Um equívoco como já foi comprovado no Chile, onde a capitalização da previdência pública adotada pelo regime autoritário de  Pinochet, no início da década de 1980, arruinou os trabalhadores do país, especialmente os que mais precisam do benefício para viver com um mínimo de dignidade.

Segundo o economista e professor da Unicamp Eduardo Fagnani, esse modelo foi proposto pelos economistas da Universidade de Chicago –  que na segunda metade do século XX influenciaram nas reformas liberais adotadas por países como Chile, EUA e Reino Unido. “Essa é a mesma escola de Paulo Guedes”, diz Fagnani, se referindo ao chamado "Posto Ipiranga" de Bolsonaro, como ficou conhecido após ser apresentado pelo presidenciável do PSL como a solução para todos os problemas econômicos do país.

Além disso, diz Fagnani, nesse modelo, a contribuição é única e exclusiva do trabalhador, não há a participação do empregador nem do Estado, diferente do modelo brasileiro. “E no caso do Chile os aposentados que precisam contribuir individualmente recebem muito pouco, quase metade do salário mínimo”.

Aproximadamente 91% dos aposentados chilenos recebem, em média, R$ 694, menos do que o salário mínimo vigente no país (288 mil pesos - R$1.575,66). É uma situação mais precária do que a brasileira, em que 68% dos aposentados ganham pelo menos o salário mínimo local.

DINHEIRO PODE VIRAR PÓ - Outro problema apontado pelo economista é o fato de que, no modelo de capitalização, o dinheiro do trabalhador é administrado por instituições financeiras privadas que, além de cobrar taxas de administração altíssimas, podem fazer aplicações de alto risco com o patrimônio dos trabalhadores.

“E então corre-se o risco de todo o dinheiro virar pó, como ocorreu na crise de 2008 nos Estados Unidos. Muitos que especularam com o subprime achando que se aposentariam e iriam para Miami, tiveram de voltar ao mercado de trabalho”, lembra Fagnani.

Para ele, a candidatura de Bolsonaro, além de colocar em risco o atual modelo da Previdência, representa o aprofundamento do processo de abertura do mercado iniciado por Temer.

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