O perigo agora dentro de casa
O perigo agora dentro de casa
"Historinhas de armas” tomaram conta das redes sociais desde que o presidente Jair Bolsonaro publicou decreto liberando a posse, na terça-feira 15. A medida permite que cidadãos acima de 25 anos adquiram até quatro armas de fogo; a proibição do porte (andar com a arma na rua) ainda está mantida.
“Vivi num prédio em que tinha como vizinhos uma família de campeões de tiro ao alvo. Gente generosa e pacífica.
Um dia, a tragédia: o caçula dos filhos, brincando, deu um tiro e matou o amiguinho da escola. A arma estava bem escondida, mas ele encontrou”, contou a jornalista Hildegard Angel, no Twitter.
Os relatos são de tragédias que mudaram a vida dessas pessoas para sempre. Uma delas tinha sete anos: “em uma confusão entre amigos, meu pai foi atingido por uma bala perdida da arma de um amigo... eu estava com o braço em volta de sua cintura e até hoje sinto o peso do seu corpo caindo e eu não conseguia segurar. Duas balas o atingiram e uma terceira passou de raspão no meu pulso... Ele morreu ali mesmo (...). Ficou eu e meu irmão de 5 anos chamando ele e eu sangrando. (...) O amigo dele ficou com depressão profunda e nós sem um pai”.
Outra lembra que o pai usava armas e bebia. Ela tinha 6 anos. “Numa madrugada acordei e me deparei com meu pai apontando a arma pra minha amada mãe que estava dormindo. Agarrei nas pernas dele e comecei a chorar para que não matasse ela. Alguém tocou em seu coração além de mim para que não fizesse isso. Graças a Deus ele vendeu a arma e ficamos livres.”
Os relatos são de reportagem da RBA (www.redebrasilatual.com.br), leia na íntegra no bit.ly/tragediascomarmas.
Mais arma, mais violência – Pesquisa do Datafolha, divulgada no dia 14, mostra que a maioria da população (61%) é contra a permissão da posse de armas no país. E especialistas apontam: ter armas não reduz a violência, pelo contrário, a aumenta. “A partir do acesso à arma, aumentará a violência. Quem deve andar armado são os agentes de segurança pública, esse decreto passa para a população uma responsabilidade do Estado, que deveria garantir a segurança pública”, diz o ouvidor das polícias de São Paulo, Benedito Domingos Mariano.
Levantamentos comprovam: em 2004, o Estatuto do Desarmamento restringiu a posse e o porte de armas; com isso, o ritmo de crescimento de homicídios reduziu, passando de 8,1% ao ano, entre 1980 e 2003, para 2,2% de 2004 a 2014.
Feminicídios – O deputado federal Jean Willys (Psol-RJ) lembra que, do total de 2.339 mulheres mortas por arma de fogo no Brasil, em 2016, 560 foram assassinadas dentro de casa; 85% dos casos por maridos ou ex-maridos.
“Agora, graças a Bolsonaro, vai ter mais armas de fogo dentro de casa”, lamenta.
Fonte: Bancários SP
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