Mídia Corrompida: Bancos são destacados como as melhores empresas para se trabalhar

30/06/2014 - 16:30

Mídia Corrompida: Bancos são destacados como as melhores empresas para se trabalhar

Foi divulgado no início do mês, pelo jornal Estado de Minas, uma premiação realizada pela Great Place to Work - instituição global de pesquisa, consultoria e treinamento, em Belo Horizonte, que ranqueou as 30 melhores empresas para se trabalhar em Minas Gerais.

Curiosamente, o banco Mercantil do Brasil aparece em 7º lugar no ranking, e o que chama a atenção são os critérios de classificação que elencaram o mesmo nessa posição. Segundo o jornal, “trabalhar em uma empresa que valoriza o funcionário, promove espaços e atividades de descanso, com bons salários e que ainda disponibiliza tempo para fazer as atividades pessoais é o sonho da maioria das pessoas... Em Minas Gerais, já existem empresas desse tipo e 30 delas foram premiadas”.

Semelhantemente ao ranking realizado pela Great Place, a revista VOCÊ S/A da Exame, publicou um anuário intitulado “Guia As melhores Empresas para Você Trabalhar 2013” em que, com notas altíssimas - em média 73 pontos, bancos como Bradesco, novamente o Mercantil e Itaú receberam destaque.

Em ambos os casos, foram realizadas pesquisas com os funcionários das instituições, que responderam formulários e pontuaram as empresas. No caso da pesquisa aplicada pela Exame, a administração dessas instituições também responderam questionários em que pontuaram a si mesmas em quesitos não questionados aos funcionários, como: Estratégia e Gestão; Liderança; Cidadania Empresarial; Políticas e prática (carreira, desenvolvimento, renumeração e benefícios; e saúde).

Diante desse cenário, podemos verificar a grande influência do  setor financeiro sobre a mídia, pois, somente tamanho poder justifica essas empresas serem destacadas como “as melhores para se trabalhar”, visto que, se verificarmos o ambiente de trabalho a realidade é bem contrária à falsa classificação apontada nos rankings.

A começar pela saúde, o ambiente de trabalho é a principal causa de adoecimentos dos bancários e são vários os problemas que afetam  esses funcionários diretamente. Práticas de assédio moral, cobrança exagerada por metas abusivas e falta de segurança nas agências são alguns exemplos que em nada condizem com uma empresa que valoriza o funcionário e preza pela qualidade de vida.

Os salários e a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) são ínfimos para um setor que só com os quatro maiores bancos (Itaú, Banco do Brasil, Bradesco e Santander) obteve lucro de R$ 49,4 bilhões em 2013. Além disso, a prática da rotatividade, que demite os funcionários mais antigos e com salários maiores, substituindo-os por novos contratados que cumprem as mesmas funções com salários menores, vem desvalorizando cada vez mais o piso dos bancários.

Construir carreira também tem se tornado algo inalcançável dentro dos bancos que, janeiro a maio desse ano, extinguiram 3.283 vagas de emprego, além dos descomissionamentos, perdas de função dos funcionários com licença médica, demissões sem justa causa e da terceirização indiscriminada, que mostram o quanto os bancos não promovem contrapartidas sociais.

A mídia está corrompida e contribui para camuflar as más condições de trabalho dentro dos bancos, além de, constantemente, atacar os movimentos sindicais e sociais que, apesar disso, continuarão em luta por meio de negociações, mobilizações e greve a fim de conquistar mais direitos e novos avanços para os trabalhadores.

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