Copom mantém política restritiva ao desenvolvimento do país com Selic em 13,75%

27/06/2023 - 11:45

Copom mantém política restritiva ao desenvolvimento do país com Selic em 13,75%

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), anunciou quarta-feira (21) a manutenção da taxa básica de juros do país, a Selic, em 13,75% ao ano pela 7ª reunião seguida.

“Todos nós estamos perdendo, o país está perdendo com o Banco Central mantendo o país com uma Selic em um patamar tão elevado, que influencia todo o sistema financeiro, inclusive os bancos, e faz com que sejam praticadas taxas de juros abusivas, as mais altas do mundo”, destacou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidenta da CUT, Juvandia Moreira.

Há alguns meses as centrais sindicais e movimentos populares vem realizando uma série de manifestações nas ruas e nas redes sociais solicitando a redução dos juros, e desde a semana passada, realizam uma Jornada de mobilização contra a política monetária do Banco Central.

Durante a gestão Campos Neto, que assumiu a presidência da entidade em fevereiro de 2019, a taxa básica de juros passou de 2% (em janeiro de 2021) para 13,75% ao ano (em setembro de 2022) – percentual mantido até o momento. Neste mesmo período, a taxa média de juros para pessoa física no país foi de 39,4% para 59,7% ao ano, enquanto a taxa de juros média para pessoa jurídica sofreu elevação de 15,2% para 23,9% ao ano, considerando o crédito livre. Ou seja, com a Selic mais alta, as contas pagas por famílias e empresas também ficam ainda mais elevadas.

Campos Neto, o político - Em suas manifestações para justificar a Selic em 13,75% ao ano, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que as decisões do Copom são técnicas e não políticas. Entretanto, é contestado por diversas entidades civis organizadas, como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que diz não haver cenários de risco de inflação no país para manter a taxa básica de juros no patamar atual.

“Vamos lembrar que Roberto Campos Neto foi votar, na eleição presidencial de 2019, com a camisa da seleção brasileira, marca registrada dos apoiadores de Bolsonaro, que colocou ele à frente do Banco Central. Ele também participou de grupos bolsonaristas no WhatsApp durante as eleições, deixando claro seu posicionamento.

Selic como dreno financeiro - Um artigo divulgado em maio pelo professor e renomado economista brasileiro, Ladislau Dowbor, revelou que cerca de R$ 700 bilhões (o equivalente a cerca de 7% do PIB) são drenados anualmente dos cofres do governo federal com o pagamento de juros da dívida pública.

Dowbor explica que, quando o BC eleva a taxa básica de juros (Selic) para 13,75%, “este valor será pago pelo governo aos detentores privados dos títulos da dívida pública, basicamente os 10% mais ricos da sociedade, usando os impostos” pagos por toda a população. “Ou seja, esses impostos, em vez de financiarem educação, saúde ou infraestrutura, vão para os grandes grupos financeiros, que aqui chamamos de ‘mercados'”, observou o professor no artigo, completando que o Estado brasileiro não se endividou, por exemplo, na construção de escolas públicas ou com o Bolsa família, mas com o pagamento da dívida pública, que aumentou 82% em decorrência dos juros acumulados.

Contraf-CUT

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