Bancos públicos ameaçados

25/01/2019 - 15:45

Bancos públicos ameaçados

Os novos presidentes da Caixa e do Banco do Brasil mal assumiram suas funções e já declararam intenção de vender parte dos bancos públicos e de aumentar juros de financiamentos fundamentais para a população brasileira: o agrícola, no caso do BB, e o imobiliário, na Caixa. 

Já na cerimônia de posse, no dia 7/01, o novo presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou que vai fatiar o banco, abrindo capital das operações de Cartões, Loterias (Lotex), Asset e Seguros, para saldar “dívida” de R$ 40 bilhões com o governo federal em até quatro anos. O coordenador da CEE/Caixa, Dionísio Reis, destaca que a afirmação ignora a contribuição do banco para o país e coloca em risco suas funções sociais.

“Esses R$ 40 bi não podem servir de justificativa para fatiamento e privatização de parte do banco. Não é dívida propria-mente dita. São recursos investidos no desenvolvimento do Brasil”, diz Dionísio.

Ele lembra que a Caixa está presente onde os bancos privados não têm interesse em atuar e cumpre papel social fundamental. Um exemplo é a Lotex, na mira do projeto de privatização do governo: grande parte de seus recursos vão para Saúde, Educação, Seguridade, Esporte, Infraestrutura, Cultura e Segurança. Se a venda for efetivada, o repasse social será reduzido drasticamente.

Adeus sonho da casa própria - Em outra declaração polêmica, Guimarães afirmou com todas as letras que o crédito imobiliário para a classe média ficará mais caro: “Quem é classe média tem que pagar mais. Ou vai buscar no Santander, no Bradesco, no Itaú. Na Caixa vai pagar juros maior que Minha Casa Minha Vida, certamente, e vai ser juros que vai ser de mercado. A Caixa vai respeitar acima de tudo o mercado. Lei da oferta e da demanda”.

“Chicago boy" no BB - Colega do atual ministro da Economia Paulo Guedes na Universidade de Chicago, centro propagador do neoliberalismo, Rubem Novaes falou em privatizar ativos do BB antes mesmo de sua posse. Sem ligação com o banco, sua nomeação se assemelha aos  tempos de FHC, quando se intensificaram os ataques ao funcionalismo.

Após a cerimônia de posse, Novaes afirmou que a orientação do governo é reduzir o subsídio no crédito rural.

O BB financia com juros de 2,5% a 5,5% ao ano (Pronaf) a agricultura familiar, responsável por 70% do alimento que vai para a mesa dos brasileiros. Sem essa taxa mais baixa, os agricultores terão de tomar empréstimos nos bancos privados, que cobram até 70% de juros ao ano, o que, invariavelmente, iria encarecer o custo da comida.  O movimento sindical seguirá resistindo contra o sucateamento dos bancos públicos caracterizado pela privatização de ativos, fechamento de agências e planos de demissão. 

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