01/12/2020 - 22:45

Sindicato rejeita proposta do Itaú sobre teletrabalho, ponto eletrônico e quitação de horas extras

Durante o último mês, o Sindicato participou de diversas reuniões de negociação com o Itaú sobre acordo coletivo de teletrabalho, ponto eletrônico e quitação de horas extras. A entidade, porém, rejeitou as propostas apresentadas pelo banco.

Em relação ao teletrabalho, por exemplo, a proposta contempla algumas reivindicações do Sindicato no que diz respeito à ergonomia e à ajuda de custo. Porém, ela não abrange todos os funcionários que estão nesse regime de trabalho, somente os da área administrativa (back office). Desta forma, ficam de fora bancários da rede de agências que estão trabalhando em casa.

Outro problema é que, mesmo que o Itaú arque com os custos operacionais com computador, cadeira, teclado e mouse, caso haja necessidade de manutenção destes equipamentos, todo o custo de entrega no local da manutenção recai sobre o trabalhador. O acordo também não prevê como ficam os períodos de tempo em que o trabalhador estiver aguardando os reparos e consertos, com a sua contabilização como efetivo trabalho dado o tempo à disposição do banco.

A proposta não é clara, ainda, ao colocar o bancário como responsável pela guarda e conservação dos equipamentos, sem esclarecer questões ligadas à segurança ou medidas de auxílio e amparo em caso de furtos, roubos ou outros fatos que fogem do controle do funcionário. Isto, sendo certo que tais bens são considerados em proveito da atividade econômica, e não da pessoa do empregado.

Para Valdenia Ferreira, funcionária do Itaú e diretora do Sindicato, o banco deveria incluir todas as pessoas que estão em teletrabalho no acordo. “Fazer essa distinção, nesse momento, só causa insatisfação e desmotivação nos funcionários. Eles já estão há muito tempo dentro desse regime de trabalho e é preciso, urgentemente, regularizar a sua condição de trabalho com prioridade para a saúde e a ergonomia”, afirmou.

Já a proposta de acordo para regulamentação do ponto eletrônico não diverge em nada do atual acordo que o Sindicato já tem assinado com o banco, que regulamenta a marcação da jornada de trabalho e garante acesso do Sindicato, em qualquer tempo, ao espelho de ponto dos bancários.

O grande problema está na proposta para a quitação integral das horas extras. A anotação da jornada dos funcionários nem sempre reflete a real jornada e as horas extras realizadas. A imposição de quitação integral beneficia o banco e dificulta futuras discussões ou questionamentos do bancário sobre horas extras não registradas.

O presidente do Sindicato, Ramon Peres, que também é funcionário do Itaú, destacou que, desta forma, bancários podem ser prejudicados. “Nossa grande preocupação em relação à quitação integral das horas extras é que sabemos que existem gestores mal-intencionados ou mal instruídos, que podem constranger os bancários a não marcar corretamente sua jornada de trabalho. Infelizmente, o Sindicato recebe denúncias sobre essa prática, o que nos faz ter uma posição de total contrariedade à assinatura desse acordo para que os direitos dos trabalhadores não sejam feridos”, explicou.

“Com a quitação integral, a proposta exime o banco da sua responsabilidade em relação à jornada e ao devido pagamento das horas extras realizadas pelos funcionários. E é claro que os trabalhadores têm medo de recusar a quitação enquanto o contrato de trabalho está em vigor, já que essa recusa pode gerar perseguição interna”, completou Ramon.

Como o Itaú propôs que todos os acordos sejam assinados conjuntamente, diante dos motivos apresentados, é inviável aceitar a proposta. Cumprindo seu papel de defender as bancárias e os bancários de BH e região, o Sindicato não aceitará a retirada de direitos.

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