Editorial - 50 anos do golpe militar: "Encobrir o erro é errar outra vez”

02/04/2014 - 15:45

Editorial - 50 anos do golpe militar: "Encobrir o erro é errar outra vez”

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Reprodução
Editorial Ditadura

Neste 31 de março, completou-se 50 anos da implantação do regime ditatorial no Brasil (1964 – 1985), que mergulhou o País em suas piores décadas, marcadas por perseguições, assassinatos, torturas, sequestros, "desaparecimentos", prisões, exílios, ocultação e destruição de cadáveres, violação de direitos e censura, que figuraram o cotidiano de violência repressiva do Estado. Outros efeitos desta época foram a recessão econômica e uma brutal dívida externa.

O governo, no período comandado pelos militares, apoiados pela elite econômica e por quase a totalidade da grande mídia, além do governo norte-americano, por 21 anos restringiu o direito do voto e as liberdades individuais e políticas, usando todos os meios para coibir os movimentos populares e de oposição, sob o pretexto básico de influência comunista no Brasil.

O conflito classista entre os que eram a favor de João Goulart, suas reformas e distribuição de renda (que correspondiam a 72% da população, segundo pesquisa realizada pelo IBOPE na época censurada), versus os que eram contrários a essas medidas populares, abriu caminho para o golpe que enfraqueceu ou coptou os movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos, deteriorando assim a democracia.

Mesmo meio século depois, esse período de terror tem influenciado alguns políticos que insistem no mesmo erro, quando nos deparamos com a Lei de Anistia, que ainda acoberta os militares que causaram todo o horror da época.

O retorno à democracia, a partir de 1985, permitiu aos representantes dos trabalhadores, partidos de oposição e movimentos sociais - principais alvos no regime ditatorial - se fortalecerem no decorrer do tempo e seguirem em luta, tendo como consequência, hoje, lhes conferido poder para escancarar os erros e crimes atuais e do passado, combatendo o retrocesso do país através da unidade, força e conquistas, que a cada ano tem sido ampliadas.

Nesse contexto,  surge o convite à reflexão sobre o país que queremos. Não vivemos mais em uma sociedade  acrítica e, apesar da manipulação de informações facilmente observável nas grandes mídias, a liberdade de expressão e os meios globalizados de comunicação favorecem a voz e a participação popular, que tem grande poder de decisão e influência quando se une para pressionar e reivindicar seus direitos.

A defesa do regime democrático deve estar em primeiro lugar na lista das prioridades nacionais. É preciso olhar para trás, relembrar de um período tão ruim para impedir sua ressurreição, ainda que disfarçada em outros moldes.

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