Desmonte do BB evidencia planos contra bancos públicos

05/12/2016 - 13:00

Desmonte do BB evidencia planos contra bancos públicos

Se alguém ainda tinha alguma dúvida de que os bancos públicos estão na mira do governo Temer, o comunicado do Banco do Brasil feito no dia 20 de novembro é esclarecedor. A empresa anunciou um plano de reestruturação que, em uma só tacada, fechará 402 agências e transformará outras 379 em postos de atendimento (PABs). Serão extintas 31 superintendências regionais e 3 diretorias terão suas funções redistribuídas. Extinguiu milhares de cargos e funções, além disso lançou o Plano Extraordinário de Aposentadoria Incentivada (PEAI) para cerca de 18 mil funcionários ou 16% do total.

Pelo comunicado, os trabalhadores têm até 9 de dezembro para aderir ao PEAI que, se tiver a adesão de 18 mil bancários como é almejado, reduzirá o quadro de funcionários do BB de 109 mil para 91 mil.  É importante ressaltar que cada trabalhador que aderir ao PEAI, antes de qualquer definição, procure saber como ficará a situação perante a caixa de Assistência (Cassi) e de Previdência (Previ).

O governo Temer quer desmontar mais uma empresa pública, fechar agências, reduzir postos de trabalho no BB. O oposto do que foi feito nos últimos 12 anos. Esse importante banco público é responsável, por exemplo, por cerca de 60% do crédito agrícola no país. Esse desmonte só interessa aos bancos privados, que não terão concorrência, num sistema financeiro extremamente concentrado.

O Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas repudiou a reestruturação anunciada pelo BB, afirmando que esse caminho tem como meta a privatização e pode ser o mesmo a ser adotado para a Caixa e demais estatais.

A Contraf-CUT, em reunião com representantes do BB, cobrou garantias de praça e de remuneração para os funcionários que tiveram cargos e funções cortadas, bem como a todos que ficarão de excedentes em cada agência, devido ao plano de reestruturação.

Para os funcionários que perderão os cargos, a reivindicação é que a Verba de Caráter Pessoal (VCP), que garante a remuneração, seja iniciada depois de 1º de fevereiro e que o prazo seja estendido para mais de 4 meses. Na minuta de reivindicações, o movimento sindical solicita VCP de 12 meses, em caso de reestruturação.

Os representantes dos trabalhadores pedem ainda que os caixas executivos que tiveram seus cargos cortados e não conseguirem realocação sejam contemplados com VCP, que hoje não tem previsão.

Para Wagner Nascimento, coordenador da Comissão de Empresa do BB, relatou que esta primeira reunião foi para reivindicar as garantias e a proteção aos funcionários. “O Banco do Brasil deve ter sensibilidade neste momento, pois já temos casos de funcionários desesperados no interior do país, por terem mudado de cidade em processo seletivo e agora receberam a notícia de que os cargos serão extintos. ”

Os dirigentes sindicais criticaram a forma como o processo foi conduzido com os funcionários, que souberam da novidade pela imprensa, no final de semana. Outra crítica ao banco é pelo lançamento de um pacote de aposentadoria, juntamente com corte de cargos e fechamento de agências, já que as duas coisas estão desvinculadas, uma vez que os cortes na dotação já aconteceram e no plano de aposentadoria ainda nem haviam começado as adesões.

O movimento sindical argumenta que o fechamento de agências no interior do país terá impacto no atendimento à população e causará transtornos para as pessoas envolvidas.

“O banco prejudica a população, com a piora do atendimento, e mais ainda o funcionário, ao não garantir a remuneração pela extinção dos cargos. Não pensar em VCP para os caixas é uma falha grave do BB, que ignora a realidade do interior do país", completou Wagner Nascimento.

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